quarta-feira, 23 de março de 2011

Artigo na Perspectivas em Ciência da Informação


Acaba de sair o artigo "A organização do conhecimento arquivístico: perspectivas de renovação a partir das abordagens científicas canadenses" no Periódico Perspectivas em Ciência da Informação, escrito por mim e por meu orientador, José Augusto Chaves Guimarães. 

Este trabalho encontra fundamento, dentre outros, na minha dissertação de Mestrado, em Ciência da Informação defendida em 2010, na UNESP-Marília, sob orientação do Programa de Pós-Graduação e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP.


RESUMO

Desde o final do século XX, as novas formas de produção documental e as novas tecnologias de informação apresentadas à Arquivística têm levado os profissionais da informação a repensar os conceitos e princípios arquivísticos postulados nos antigos manuais da área. Nesse contexto, destaca-se a produção arquivística canadense, que transformou o país em solo fértil para as discussões que circundam a disciplina na contemporaneidade, representando muito bem as necessidades colocadas pelos novos meios de produção documental aos arquivistas na sociedade da informação, redescobrindo princípios e (re) definindo conceitos, métodos e critérios para a criação, manutenção e uso de documentos em meio tradicional e eletrônico. Foi notadamente na década de 1980, que um novo paradigma se enunciou na área e, a partir dele, três correntes emergiram: a Arquivística Integrada - enunciada pela Escola de Québec – que propõe a reintegração da disciplina por meio do ciclo vital dos documentos e uma possível aproximação com a Ciência da Informação, graças à incorporação do termo informação orgânica registrada, como substituição ao termo documento de arquivo; a Arquivística Funcional ou Pós-Moderna, enunciada por Terry Cook – que propõe uma renovação e reformulação dos princípios e conceitos originais da disciplina, adotando a corrente Pós-moderna como pano de fundo; e a Diplomática Arquivística, enunciada primeiramente na Itália por Paola Carucci, mas desenvolvida e reformulada na América do Norte por Luciana Duranti, que busca, por meio do estudo da Diplomática, estabelecer critérios para a crítica textual dos documentos contemporâneos, garantindo ao método diplomático um posto fundamental na Arquivística contemporânea. A vista de tais aspectos, analisa-se, comparativamente, o universo epistemológico dessas três abordagens arquivísticas canadenses, enquanto perspectivas emergentes para a construção de uma disciplina contemporânea, capaz de dar conta dos novos processos de produção, organização e uso da informação orgânica registrada. 



A presto!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dica de leitura



Devo dizer que estou aproveitando bastante as oportunidades que Firenze nos oferece!

O estágio de doutorando tem sido muito proveitoso, principalmente e, sobretudo, no sentido acadêmico. A troca de conhecimento com outros Professores que, muitas vezes, são de áreas diversas, como Letras, História e Direito, permite uma gama de novos caminhos que se abrem para a pesquisa, sobretudo, quando se trata de uma pesquisa exploratória, documental e teórica, como a minha em questão. 

Por essa razão, a postagem de hoje acrescenta uma nova leitura para a bibliografia dos que buscam entender um pouco mais sobre o documento e, sobretudo, sobre a Diplomática. 

Trata-se do livro indicado pela minha co-orientadora, Dra. Antonella Ghignoli, para meu melhor entendimento sobre o que vem a ser um "evento de natureza jurídica". Essas três palavrinhas mágicas são ditas repetidamente durante todo o curso de Arquivologia, mas raramente, dedica-se uma aula a elas. Neste sentido, o livro aqui indicado vem acrescentar um novo conhecimento para aqueles que estão inseridos no mundo dos arquivos e dos documentos diplomáticos, a medida que nos explica, sob o ponto de vista jurídico, diplomático e arquivístico, o que leva uma res a se tornar um documento. 

Para deixá-los com água na boca e vontade de saber um pouco mais, transcrevo aqui um trecho do livro:

"[...] si potrà concludere che la diplomatica non ha altro scopo, se non quello dello studio critico, ma anche storico del documento, al fine di conoscere in qual modo, storicamente appunto, le comunità sociali hanno realizzato i propri documenti" (CRESCENZI, 2005, p. 25).

Neste momento Crescenzi cita a afirmação de Pratesi (1979, p. 8-9), que diz que "a Diplomática é a ciência que tem como objeto o estudo crítico do documento[...] com o objetivo de determinar seu valor como testemunho histórico". Ora, o objetivo da Diplomática é o estudo crítico do documento e não o "instrumento para a determinação do valor do documento como testemunho histórico" (CRESCENZI, 2005, p. 25). 

Mesmo porque, cabe ao historiador identificar se o documento pode ou não ser testemunho da História, e não à Diplomática. 

Para quem se interessou:

CRESCENZI, Victor. La rappresentazione dell'evendo giuridico: origini e struttura della funzione documentaria. Roma: Carocci, 2005.

PRATESI, Alessandro. Genesi e forme del documento medievale. Roma: Jouvence, 1979.




A presto!!