quarta-feira, 11 de maio de 2011

A formação do arquivista na Itália

As Escolas de Arquivística na Itália

Na Itália, as atividades didáticas concernentes à formação do profissional arquivista são realizadas nas Escolas de Arquivística, Paleografia e Diplomática, sob os auspícios dos Arquivos de Estado Italianos (Archivi di Stati italiani). As Escolas têm caráter público, estatal e gratuito, e possuem uma organização didática de especialização a nível universitário. Por esse motivo, não é raro encontrarmos alunos que são graduados em Letras, Filologia, ou História, e que fazem o curso como uma especialização de suas áreas, seja pela Arquivística, como pela Diplomática ou Paleografia.
Atualmente são dezessete os arquivos de estado italianos que oferecem uma Scuola di Archivistica, paleografia e diplomatica (Torino, Milano, Mantova, Venezia, Bolzano, Trieste, Genova, Parma, Modena, Bologna, Firenze, Perugia, Roma, Napoli, Bari, Palermo e Cagliari).
O curso tem duração de dois anos, e além das disciplinas básicas da Arquivística, Diplomática e Paleografia, não é raro encontrarmos Heráldica, Codiologia, história do direito, legislação arquivística, diplomática contemporânea, informática. Essas últimas foram incluídas recentemente na grade curricular dos cursos, em virtude das novas necessidades impostas ao arquivista depois da década de 1980.
A admissão é gratuita, no entanto, é necessário o diploma di scuola media superiore (o que seria equivalente ao diploma do segundo grau na Brasil, mas que é adquirido por meio de uma prova final), e a aprovação em uma prova escrita atestando o conhecimento da língua latina, assim como um conhecimento básico em história, e/ou conhecimentos gerais.
O diploma obtido é aquele em Arquivística, Paleografia e Diplomática, OBRIGATÓRIO a todos os funcionários que exercem alguma função diretiva na administração arquivística do estado, assim como para aqueles que trabalham nos arquivos históricos das regiões, províncias, comunes, ou até em arquivos privados, considerados de interesse histórico. É, ainda, um títolo relevante aos que prestam concursos para trabalhar nos arquivos correntes e intermediários, públicos ou privados.  
            Segue abaixo informações sobre as Escolas de Firenze e Roma.

Firenze
A fundação de uma Scuola di Archivistica em Firenze data de 1856, organizada pelo Archivo Centrale di Stato, sob a supervisão de Francesco Bonaini, cujo objetivo era oferecer aos aprendizes do Arquivo a preparação científica de alto nível necessária ao desenvolvimento de seus trabalhos.  Em 1860 a Scuola foca-se no estudo de Paleografia e Diplomática e assume um caráter público, e ao fim da década é transferida ao Instituto Superior de Firenze, no qual permanece por quase um século, sendo denominada, em 1925, Scuola per bibliotecari ed archivisti paleografi.
Em 1955 o Archivio di Stato di Firenze assume a responsabilidade e organização da Scuola e, desde essa data tem funcionado nas sede do Arquivo. Em 2005 observa-se uma mudança no nome da Scuola que passa a ser chamada La scuola di archivistica paleografia e diplomatica Anna Maria Enriques Agnoletti, em homenagem à estudiosa e arquivista que trabalhou com os arquivos nos anos 30.
Nos últimos anos, a Scuola passou por mudanças em sua organização e didática, de modo a atender às novas necessidades colocadas aos profissionais do arquivo. Dessa forma, ao lado das disciplinas fundamentais – Arquivística, Diplomática, Paleografia e História das instituições – foram introduzidas nova disciplinas como Heraldica, Codiologia, história do direito, legislação arquivística, diplomática contemporânea, informática.    

Roma
A Scuola de Roma data de 1878, e foi criada poucos anos após a instituição do Arquivo de Estado (Regio Decreto n. 605 del 30 dicembre 1871). Até 1884, a Scuola romana era a única na cidade a ensinar paleografia. Ela perde o posto com a criação da Scuola Vaticana.
Assim como a Scuola de Firenze, em Roma os cursos têm duração de dois anos e as três matérias – Arquivística, Paleografia e Diplomática – são subdivididas:
1.      Arquivística: archivistica generale (doutrina arquivística, legislação, historia dos arquivos e da arquivística, arquivonomia); archivistica speciale, ou historia das instituições (seus fundos documentais) de uma determinada região ou território;
2.                   Diplomática: diplomatica generale e speciale;
3.      Heráldica, numismática, informática aplicada aos arquivos, codiologia, bibliografia, biblioteconomia, sigilografia, etc.
  


Fontes Pesquisadas:

4 comentários:

  1. mas então é um curso "tecnico"?
    Porque é em nível de ensino médio...Não tem em nível de especialização? ou algo do tipo? uma continuação dos estudos, ou seja, pós-graduação?

    To perguntando isso é que eu descobri que lá no Canadá todos os cursos de arquivologia estão relacionados com a história... em nível de mestrado e Archival Science é uma das habilitações dentro do curso de mestrado, na Universidade do nesmith são três habilitações no mestrado..é mais ou menos três programas de pós graduação em um... só que o título sai como mestre em história - habilitado em arquivologia.
    -
    e deu tudo errado o concurso, to me sentindo um grande cocô.

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  2. Esses cursos oferecidos pelos Arquivos do Estado são em nível técnico, porém com uma maior preocupação também com o científico, uma vez que a carga teórica é bem grande. A diferença do Brasil é que não fica só nas técnicas de organização.
    Assim como no Canadá, os cursos também são oferecidos dentro das Universidades, como um nível de Mestrado e Especialização. Aqui na Università degli studi di Firenze, por exemplo, o curso é de Archivistica, Biblioteconomia e Codicologia. Riordinamento e inventariazione degli archivi e catalogazione di documenti manoscritti, stampati e digitali, oferecido pela Facoltà di Lettere e Filosofia, dentro do Dipartimento di Studi sul Medioevo ed il Rinascimento, ou seja, também ligado à História e aos documentos permanentes.
    O curso tem duração de 1 ano, mas para fazê-lo, é necessário que o aluno tenha cursado já dois anos de mestrado em nível I. Esse curso entra na categoria de Mestrado em Nível II. Seria como uma especialização dentro do próprio mestrado.
    Vale destacar que esse curso não é grátis. É necessário pagar uma taxa de inscrição anual de 4.500 euros, ou seja, só faz quem realmente se interessa pela área, o que é bom!
    Fora isso, dentro dos cursos de Mestrado em História, as disciplinas de Arquivística, Paleografia e Diplomática são oferecidas dentro da carga horária de disciplinas auxiliares, para que o historiador consiga ler e interpretar os documentos antigos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá! Tenho cidadania italiana e gostaria de saber se essas Escolas de Arquivística, Paleografia e Diplomática aceitam o diploma de ensino médio do Brasil. Me descobri apaixonada pela área quando fui ao Arquivo Nacional (RJ) e vi documentos muito antigos dos meus tataravós. Obrigada por compartilhar informações tão preciosas!

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